A lista que a gente não faz
quarta-feira, dezembro 31, 2014
Estava numa rodinha de amigos tarde da noite esses dias. Um tocava violão, todos cantavam e as risadas se espalhavam com eco. Começamos a falar sobre metas e sonhos pro próximo ano. Todos temos alguns.
-Entrar na facul, tirar a carteira e comprar um carro, obviamente.- falou João. Focado como sempre.
-Eu não. Quero tirar fotos lindas, viajar pra Paris, criar um blog e adotar um cachorrinho!
-Meiguice não é pra qualquer um- rimos da Alice.
-Cara, sabe o que eu quero? Ir pra várias festas, beber muito e viajar. Com elas, claro! - Soltou o pegador da turma. Que por sinal eu tinha uma quedinha.
Todos olharam pra mim. Eu me sentia diferente, mudada. Fiquei em silêncio, observando os rostos que me olhavam e imaginando-os atingindo seus objetivos. Combinava perfeitamente com cada um.
-E você, Sofia? O que quer?
Ano novo, vida nova. Pelo menos é o que dizem. Clichê, mas não posso negar que nos últimos dias do ano meu peito se enche de expectativas, e os papéis, de metas carregadas de sonhos e esperanças. Mas e as coisas que a gente não anota? Que não saem da ponta do lápis e nem cruzam a nossa mente? Um abraço amigo, um filme em uma companhia inesperada, uma frase que nos marca, uma música que nos faz ver o mundo de outra forma, um chocolate quentinho num dia frio, uma mensagem de alguém querido depois de um dia difícil, chorar de alegria? Essas coisas a gente não pensa.
Elas não estão na lista.
-Sofia?
Comecei a pensar. O que eu queria? Um notebook novo. Várias tatuagens. Inspiração. Viajar pra praia. Comprar um batom vermelho. Descobrir uma banda nova. Chocolate. Deixar o cabelo crescer. Tirar muitas fotos. Comprar livros novos. Encontrar um estágio bom. Passar de ano. Festas muito loucas. Decorar a letra daquela música. Um show da Lana Del Rey. Amigos por perto. Dinheiro. Escrever textinhos de amor. Ficar extasiada por um perfume masculino. Colocar um piercing. Aprender violão. Ficar ansiosa pra um momento especial. Conhecer um cara legal. Escrever um livro. Um celular. Amor. Noites estreladas.
Mas tudo o que consegui responder foi uma palavra, que traduzia tudo o que eu queria.
-Paz.
2 comentários
Meu deus Mari! Fica de boca aberta com este texto! Está espetacular! Está mesmo muito bom! Parabéns!
ResponderExcluir(Já agora, estou cuscando teu blog e lendo todos os posts por isso se tiver muitos comentários meus não se alarme!)
Bjs
onlinedreamerweb.wordpress.com
Awnnn, obrigada, Mari! Fico muito feliz que tenha gostado! hahahah imagina, é bom saber que esteja gostando de todos os posts por aqui, viu?
ExcluirBeijos!