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Enquanto o mundo gira

sexta-feira, janeiro 09, 2015


O Twitter pergunta o que está acontecendo. E o Facebook pergunta no que estou pensando. Uma invasão de privacidade e tanto, penso eu.

Mas afinal, o que está acontecendo?

Está tocando Bloodstream do Ed Sheeran na minha playlist. Estou digitando compulsivamente. Os cachorros da vizinha estão latindo, e o ventilador está ligado. Algumas pessoas estão viajando. Alguém está comprando um Quarteirão no McDonald's. Um casal está brigando. A temperatura está alta. Alguém está escolhendo uma nova camiseta pra usar no verão em uma loja qualquer. Um cara deve estar feliz por ter comprado um livro novo, e ele tem um cheiro bom. Uma criança acabou de pular uma onda do mar e sorriu enquanto gotinhas de água tocaram em seu rosto. Ele aprendeu a tocar violão sozinho, e está com muito orgulho disso. Alguém pisou em um chiclete e ficou realmente irritado, ou ainda não reparou. Ela preparou um bolo de chocolate. Alguém está chorando. Uma mãe advertiu a filha sobre como o mundo está cruel nos dias de hoje, e que ela deve se cuidar. Uma nova reportagem foi publicada. Começou a tocar outra música, e eu realmente consigo senti-la. Alguém elogiou o batom vermelho dela e ela corou. O barulho do teclado faz eu me sentir bem. Alguém está sonhando. Um empresário acabou de subir em um avião. Alguém está fazendo uma tatuagem.

O mundo está girando, e não é devagar.

-Mas afinal, o que está acontecendo?

Voltei para o presente após ouvir aquela voz, e olhei para o lado. Ele ainda estava ali, me encarando com aquele olhar com o qual eu não sabia lidar. Era um olhar que chamava, consolava, pedia colo, carinho e atenção. Um olhar que fazia eu me apaixonar cada vez mais por seus olhos castanho-escuros.

Abracei-o, mas não com cuidado como se ele fosse frágil. Abracei-o como quem precisava de um abraço, como quem segurava o mundo em suas mãos, e não podia deixá-lo escapar. Alisei seus cabelos e simplesmente deixei aquele momento pairar, os segundos correrem nos relógios e a música nos embalar.

"Como às vezes acontece, um momento surgiu, ficou suspenso e permaneceu por muito mais do que um momento.  E o som parou, e o movimento parou, por muito, muito mais que um momento. E então o momento se foi."

O mundo não parou, nem o som. Mas eu senti como se tivessem. Eu senti como se nós fôssemos a única coisa existente ali, naqueles segundos ou minutos. Ele não era um desejo, uma paixão, ou uma necessidade. Ele apenas era.

E eu não precisava saber o que estava acontecendo. Apenas estava feliz por acontecer.

Afinal, o mundo está girando. E não é devagar.

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