Quando a gente se despedir
terça-feira, março 10, 2015
Tu tens essa mania de chegar na hora mais inconveniente. No dia em que eu deletei os prints da conversa que eu tive que mandar pra minha melhor amiga, e na noite em que eu jurei que não pensaria mais em ti. Que não pensaria mais em nós. Essa palavra te assusta? Me assusta também.
Tu tens essa mania de aparecer quando eu não quero e de conseguir colocar o sorriso mais besta nesse meu rosto que não é nada teu. Tu ainda - depois de tanto tempo - consegues fazer as minhas mãos tremerem e ficarem incapazes de digitar, só por saber que tu lembrastes de mim. E eu ainda sinto o mesmo nervosismo que eu senti na primeira noite em que trocamos algumas poucas palavras. Ainda.
A gente tem essa mania de se despedir sem dizer tchau. De encerrar uma conversa sem um boa noite, e de não saber se vai se falar de novo. A gente sempre foi assim, e a gente se despede o tempo todo. E quando eu finalmente me acostumo com a ideia de ter o teu silêncio, tu volta a fazer barulho. E eu não sei se consigo mais suportar esse volume inconstante.
Nós estamos num ciclo vicioso, querido. Tu me deixas fraca e me forneces a cura. Tu te fazes barulho quando eu sou silêncio. Tu me diz as palavras que eu quero ouvir, mas ainda faltam aquelas que eu finjo não precisar. E os sentimentos que eu tenho por nós, já não são cabíveis a ti. Nem a mim. A gente se desfaz um do outro e se apropria de novo. Mas a gente não se tem.
Eu finjo que não me importo, e finjo que tu te importas. Mas tu sempre gostou de joguinhos, e eu sempre acabei jogando. Nunca contei vitória, porque quem sempre leva a partida é tu. Quando eu disse que não ligava, é porque eu ligava demais pra não querer te assustar. E todas as vezes que eu virei a cara é porque teu olhar me atravessava demais a ponto de me fazer temer nossa próxima despedida. Quer saber? Ele ainda atravessa. E eu ainda temo.
Quando a gente se despedir - e eu digo se despedir de verdade -, eu não quero abraços demorados. Quando tu fores embora, peço que por favor, não me avise. Quando o silêncio se tornar nosso cumprimento, não quero aprender a falar de novo. E quando nossa troca de olhares for apenas o vazio, não quero mais poder ver.
Quando a gente se despedir, vou querer que voltes.
Mas mais do que tudo, quando tu voltar, eu não quero que se despeças.
0 comentários