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A menina que não sabia escrever

terça-feira, agosto 11, 2015


O dia não amanheceu diferente, nem me lembro se fazia sol ou chuva. Sentia-me normal, apenas uma menina de um metro e sessenta e cinco caminhando entre dezenas de pessoas com outros sonhos e outras histórias. O mundo sempre pareceu pequeno para mim. Eu soube que tinha que descobrir outros passados e fazer parte de novos futuros, e eu desvendei da maneira mais simples como fazer isso. Foi assim, sem querer: peguei-me com um lápis e um papel em branco. E depois vi um papel recheado de palavras. De histórias.

Ninguém chegou pra mim e me contou que eu nasci para fazer tal coisa. Não houve um clique pra me avisar que esse era o meu destino. A verdade é que não teve horário marcado, tampouco uma data específica, um sinal dos céus ou qualquer aviso deixado na minha porta. Eu apenas sabia. Sentia. Eu nasci para escrever. 

Eu gosto de olhar os desconhecidos no trem e inventar histórias pra quem eu nunca conheci. Já viajei pra inúmeros lugares e vivi experiências na pele de pessoas que eu nunca vi. Já reinventei meu passado e criei diversos caminhos para o meu amanhã. E eu sempre me apaixono por cada um deles.

Sempre fui desajeitada, nunca soube lidar com as palavras muito bem. Mesmo assim, elas insistem em sair da ponta da caneta que seguro para mudar o rumo da minha e de tantas outras histórias. Para escrever novos roteiros dos quais eu nunca sei o final, até escrevê-lo.

Eu nem sei como esse texto vai terminar, pois sou assim mesmo: improvável, imprevisível. Num dia sou silêncio, no outro faço barulho. Sou brisa e ventania. Nem sempre gosto dos finais felizes. Dos príncipes encantados e das histórias perfeitas. Meus poemas não rimam. Sou assim, uma menina perdida em meio a tantas ideias e pensamentos. Amo as vírgulas e os acontecimentos impensáveis.

Posso afirmar sem dúvida alguma e com todas as certezas do mundo: sei pouco, e nem sei quem sou. Mas sei que o que me faz sentir viva é uma coisinha bem pequena, que me faz sentir enorme. É escrever. E não existe coisa com tal simplicidade que possa substituir este ato. Eu não escrevo, traduzo a minha alma. Crio amores e desamores e vejo o mundo com outros olhos.

E foi assim que a menina que não sabia escrever, escreveu. E escreveu tanto que percebeu: ela está aqui nesse mundo para isto.


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8 comentários

  1. Amei seu post, você escreve muito bem :)
    Queria ter esse dom ♥

    Ótima quarta
    bjo

    http://tatianecdesouza.blogspot.com.br/

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    Respostas
    1. Que fofa, muito obrigada Tati! <3 Uma ótima quarta pra ti também.
      Beijos

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  2. Que texto lindo! Escrever é libertador
    Beijos e sucesso pra ti <3

    http://alescalarissablog.blogspot.com.br/

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  3. Nossa!Me identifiquei muito com esse texto.
    Improvável e imprevisível,me define completamente.

    A-M-E-I o texto *-* Bjnhs

    http://karoline-o-meu-melhor.blogspot.com/2015/08/confianca.html

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    1. Ai obrigadaa Karol, fiquei muito feliz com o teu comentário!
      Beijos :)

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  4. Parece que fui eu quem escreveu o texto,super me identifiquei com ele,amo escrever,é praticamente uma terapia pra mim.
    Sonhosesuspiross.blogspot.com

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    1. Bruna, que bom que tu te identificou com o texto, fico feliz que tenha gostado :) Também é uma terapia pra mim, é um sentimento maravilhoso <3

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