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Foi naquela noite sem rumo

quinta-feira, julho 24, 2014


Era mais uma daquelas noites que ela não conseguia dormir. Apagara a luz há uns 40 minutos e esperava ansiosamente pelo momento no qual sua mente se desligaria do consciente por pelo menos alguns instantes. Pegou o celular e olhou a hora. Passava da meia-noite. Nenhuma mensagem, nenhuma ligação. Até que veio uma notificação. Era ele, bêbado como sempre, convidando-a para uma noite. Isso não seria suficiente. Já não era há algum tempo.
Levantou-se. Lavou o rosto, colocou uma roupa para sair e jogou o celular dentro da bolsa. Maldito. Saiu pela porta e vagou pela cidade. Entrou no pub mais movimentado que encontrou e olhou as pessoas ao seu redor. Ele não estava ali.
Pediu uma dose de vodka e sentou-se. Ele sentou ali perto. Não, não ele. Outro ele. Usava uma jaqueta de couro e tinha jeito. Aquele jeito, sabe? Deu um meio sorriso e encarou-a por alguns segundos, com os olhos verde-claros. Dava risadas com os outros caras enquanto bebiam infinitas garrafas de cerveja e falavam sobre sei lá o quê. A noite passava, ele olhava, ela olhava. Ele não chegava. Nossa, ela sempre odiara homens sem atitude. E o outro ele? Já não tinha mais mandado mensagens. Desistiu, pensou ela. E ela também já desistira.
Mas este da jaqueta, ah, ele a deixara estranha. Desejando-o. Mas o que faria? Nunca fora mulher de chegar em homem, e não seria agora que mudaria isso. Por que não? Simplesmente, porque não. Resolveu ir embora depois de algumas horas. Passou ao lado dele, olhando minunciosamente cada detalhe do seu rosto com uma barba mal-feita e olhar vago. Então ele soltou, entre um sorriso torto, já caindo devido a bebida: "Você é a mulher mais linda que eu já vi".
Com certeza ele nem se lembraria dela no outro dia.
Algumas semanas se passaram. As mensagens já não chegavam mais, e ela cansara. Cansara-se de tudo e de todos. Passou um batom vermelho, fez um coque e delineou os olhos. Colocou aquele vestido florido que tanto gostava, e as sapatilhas azuis que uma vez já tinham sido novas. Andava apressadamente pelas ruas, tentando fingir que aquele seu passado de alguns dias atrás nunca existira.
Resolveu passar em um café e comprar uma torta para comer depois do trabalho. Ah, o trabalho... Pegou a de chocolate com morangos. Ao sair pela porta, que sempre causava um barulho irritante por causa da sineta, deparou-se com dois homens encostados em um carro na esquina. Um deles lhe parecia familiar. Ele olhava-a, curiosa, como se já a conhecesse. Olhos claros, jaqueta de couro. E a barba mal-feita. Sim, sim!
Quando ela passou por eles, ouviu ele dizer: "Nunca vi uma mulher tão linda quanto ela". 
Ela apenas sorriu.
Então ele chamou: "Ei, moça! Já nos conhecemos?"
       

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