Interpretar
segunda-feira, dezembro 22, 2014
Dizem por aí que nosso coração acelera quando estamos prestes a ouvir o trecho preferido da nossa música preferida. Que a temperatura sobe. Que a pele arrepia. E não só dizem, como tudo isso acontece. Pelo menos comigo.
Hoje, em mais uma volta de carro -meu momento preferido pra colocar os fones e me desligar desse mundo-, tive mais um destes deslizes. Sim, chamo de deslize. É o momento em que me sinto mais vulnerável, exposta, sentimental e perdida. Ou é o momento em que me encontro. Mesmo de olhos fechados e com a mente em aconchego com o tom, sinto que estou me jogando de braços abertos em uma rua envolta por uma multidão, e que sou o centro dela. Que abro meu baú de sentimentos e jogo todos eles pro ar.
É nesse momento que imagino meu rosto colado ao teu peito enquanto nossos corpos são embalados pela melodia -não necessariamente romântica- e dançam como um só. Nesse momento, eu lembro que eu já ouvi essa música diversas vezes pensando em ti e em como eu gostaria que ela fosse nossa. Que nós a cantássemos loucamente depois de termos bebido umas a mais, e que tu colocasse teu braço em torno do meu pescoço enquanto brindávamos mais uma noite juntos.
É nesse momento que eu pego minhas malas imaginárias (ou nem pego malas, vou sem nada mesmo) e parto pra bem longe daqui. Pra um lugar onde não conheço nada nem ninguém. Onde sonhos são possíveis e estrelas brilham sobre a minha cabeça depois de um dia de insanidades.
É nesse momento que eu olho pela janela do carro e me imagino num filme -é bobo, eu sei- e olho dramaticamente pela janela enquanto faço o papel de garota profundamente apaixonada e romântica.
Como se eu fosse uma.
Sinto aquela sensação de profunda felicidade invadir meu corpo. Minha pele.
Retorno à vida real.
Dizem que quando estamos felizes, aproveitamos a música, e quando estamos tristes, entendemos a letra dela.
Eu aproveitei.
E eu entendi.
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