A montanha-russa chamada você
domingo, fevereiro 22, 2015
Pra ler ao som de: Sweet Nothing- Calvin Harris ft. Florence Welch
Inconstância: palavra que te define. Talvez ela nos defina também, e deve estar estampada na minha cara e gravada no meu cérebro. Porque eu não sei se te quero. Se te amo, se dou um tapa na tua cara, se te respiro, se quero que tu caia da escada e se quero estar no primeiro degrau esperando pra te ajudar a levantar. Eu não sei. Talvez com o tempo eu tenha aprendido a ser como tu; aquele tipo de pessoa que entra na vida de alguém, marca, e gosta de sair. E eu acho que esse é agora o primeiro mandamento da minha listinha de mandamentos (se eu tivesse uma): entrar e não ficar. Porque quando tu fica, alguém sempre se machuca. E eu não queria ter que parar mais uma vez na emergência dos corações partidos. Na verdade, não tem um nome pra isso. Tu me partiu inteira.
Por mais que eu não seja católica, nem cristã, nem sei lá o quê (sou apenas uma ateia que continua falando a frase a seguir), preciso dizer: Meu Deus. Você me convidou pra sair tantas noites depois daquela, e eu recusei todas. Recusei cheia de orgulho, talvez com um pouco de arrependimento, um sarcasmo que eu não tinha e uma certa mágoa, mas a palavra com 3 letras que martelava na minha cabeça em alto e bom som não era a resposta negativa. Era um sim. Sempre foi.
Então, no dia 29 de maio (anotei na minha agenda, não pense que ainda fico decorando datas) eu resolvi aceitar. Fui contra todas as minhas amigas, contra a minha mente, mas fui de coração. Na verdade, com os pedacinhos que ainda sobraram dele, e que infelizmente estavam colados com a durex amarelada que tu tinhas comprado no dia em que fui fazer algo de decoração. Eu disse que era pra ser a fita incolor. Bom, pelo menos servia pra alguma coisa.
Resolvemos ir pra uma casa noturna. Alguns amigos iriam junto, e era isso que seríamos naquela noite, ou talvez um pouco mais. Acabei me atrasando - isso nunca acontecia -, e quando cheguei com minhas duas amigas, você mandou uma mensagem avisando que já tinha entrado. Ótimo. Além de eu estar indo ao teu encontro, teria que te procurar. Garanto que não estaria me esperando de braços abertos como esteve nos últimos 2 anos.
Entrei, e parecia que eu tinha uma escola de samba no peito. Ou que havia um baterista lá dentro, tocando loucamente. Eu não te via há 3 meses, e a ideia de estar a menos de um metro do teu corpo me provocava arrepios. Ao mesmo tempo, eu queria sair correndo dali. Era como se eu estivesse escalando uma montanha, e lá em cima estivesse o que eu mais desejava. Só que era tão alto. A beirada me dava vertigem, e o medo de cair era imenso... mas o medo do que estava lá em cima, era muito, muito maior.
A música tocava alto, e logo identifiquei. Comecei a percorrer a multidão. Vi teu rosto em vários outros, mas nenhum era teu. Até que vi aqueles cabelos castanhos e bem penteados - eu sempre te reconhecia pelo cabelo - e um você muito bem vestido. A camisa azul te deixava ainda mais bonito, e eu logo pude sentir teu perfume. Voltei o olhar para o teu rosto e vi um sorriso surgir. Eu tinha sentido bastante falta dele.
Caminhei - e a partir desse momento vi tudo em câmera lenta - até você e te dei um abraço. Talvez tenha sido desajeitado, mas eu sempre tive um fascínio por abraços. Especialmente esse. Nós nos olhamos, e a música parecia estar mais alta. Na verdade, eu só ouvia ela, e não via mais ninguém. Sempre foi uma das minhas favoritas. Então tu colocou teus braços ao meu redor, e sussurrou no meu ouvido: Ainda bem que tu tá aqui.
-Eu senti a tua falta.
Emptied out by a single word.
-Eu também senti.
A música se misturava aos meus sentimentos, e não sei se foi a bebida que ingeri depois, o olhar que tu me lançava constantemente ou o teu perfume. Mas tu era a pior droga que eu poderia usar. E não era naquela noite que o meu vício seria curado.
Minha necessidade de suprir-me de ti continua aqui. E a tua de suprir-te de mim, continua aí. E assim a gente continua, no nosso vício inconstante, nessa montanha-russa com enormes quedas d'água. E eu sempre acabo mergulhando com tudo no rio que nos espera lá embaixo. Teus sussurros me alimentam, tuas palavras são o meu hino e nossos diálogos são minhas canções.
Porque a gente é isso. Essa inconstância, esse aconchego e esse vício. E eu gosto tanto dessa combinação...
4 comentários
Xonei 😍 cara ru escreve muito bem! Parabens!Eu amo escrever e gosto muito de ler.
ResponderExcluirCute-space.blogspot.com.br
ai, muito obrigada!!
ExcluirMuito lindo, amei esse texto. Parabéns ;)
ExcluirMuito obrigada, Francine <3
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