Sobre amores que não começam
quarta-feira, março 22, 2017
Foto: @luizclas
Quando
eu era mais nova, vivia com amores platônicos. Daqueles que fazem a
gente chorar imaginando um olhar diferente ou um toque que vai arrepiar
nossa nuca. Daqueles que nos deixam - quase que literalmente - com
a cabeça nas nuvens e nos inspiram a escrever seus nomes e corações na
última folha do caderno. As
coisas mudaram um pouco. Na verdade, bastante. Desilusões, lágrimas,
sorrisos, rostos novos e novas paixonites. Mas não vim aqui para falar
sobre isso.Vim falar sobre aquele carinha que eu vi no metrô um dia, com um violão nas costas. Ele tinha uma tatuagem no braço, que eu observei meticulosamente enquanto tentava me equilibrar e ser discreta. O cabelo dele era escuro, e ele tinha um ar decidido. Queria descobrir se ele tinha mais tatuagens. Olho no olho. Desvio. Sorrio pro chão, ele também. Borboletas no estômago (sério?) e alguns suspiros.
Tem também aquele vendedor da loja. Nunca gostei de caras com cabelo raspado, confesso, mas ele conquistou meu coraçãozinho de pedra, que naquele momento - milagrosamente - virou manteiga. Ele perguntou meu nome e foi muito atencioso. Vai ver era assim com todas, né? Mas minha mente gostou de fingir que não, e eu me deixei levar por aqueles poucos minutos. Quando fui lá de novo, meses depois, ele já havia ido embora.
Às vezes penso que a conexão que temos com alguém que vimos na rua pode ser tão inspiradora quanto receber um abraço aconchegante em um dia cansativo. Ou um bolinho na escola no dia do aniversário. Ou um beijo de saudade. As coisas que não começam, não terminam. Talvez por isso, eu, e provavelmente muitas pessoas, gostam destes momentos. Expectativas nunca serão frustradas. Promessas nunca serão quebradas. Amores nunca terão partidas.
Dezenas
de olhares, palpitações e expectativas. Uma pontinha de desejo de
começar algo ali, nestes momentos bobos, e de certa forma, especiais. Não descobri se o cara do metrô tinha mais tatuagens, ou se a atenção que o menino da loja dava foi especial para mim. Às vezes, a imaginação é a melhor companhia que se pode ter.
4 comentários
De longe, esses são os amores mais emocionantes. Que vem e que passa, mas sempre com uma onda de emoções avassaladoras. Que cria uma expectativa de "será que o verei de novo?". Aqueles sorrisos e olhares de momentos e que são correspondidos, aaaah, eles fazem as borboletas do estômago ficarem inquietas e baterem suas asas dentro da gente. Aquele arrepio que percorre a coluna toda. Amores não concretizados, mas amores que nos fazem sentir que a vida é tão gostosa de se viver.
ResponderExcluirBeijos,
Última postagem ♥ Blog Gaby Dahmer ♥ Fanpage
Teu comentário podia formar um textinho sobre isso, hehe <3 Sério, que amor! Muito obrigada pelas palavras, e concordo com tudo o que disse :) Beijoss
ExcluirSIM SIM SIM SIM <3
ResponderExcluirAlguns amores não precisam de um fim, apenas de um inicio nunca de fato iniciado. ótimo texto Mari <3
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Siim, exatamente! Apesar de curtos, acabam ficando gravados na memória, né? Beijos e obrigadaa :)
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